Brasília — O Brasil foi oficialmente retirado do Mapa da Fome da ONU, segundo o último relatório da FAO. A medida sinaliza que menos de 2,5% da população está em situação de subnutrição grave — o limite definido pela Organização das Nações Unidas para que um país saia dessa lista.
A primeira saída do país do Mapa da Fome aconteceu em 2014, como resultado de políticas públicas consolidadas como Fome Zero e Bolsa Família . No entanto, o Brasil retornou à lista durante o triênio 2018–2020, em razão da crise econômica seguida pela pandemia de Covid‑19 e cortes de programas sociais .
◼ O que mudou: 2022 a 2024
De acordo com a média móvel dos anos 2022, 2023 e 2024, a prevalência de subnutrição caiu abaixo de 2,5%, o que motivou a nova exclusão do país da lista da FAO .
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, em 2023 cerca de 24 milhões de brasileiros saíram da insegurança alimentar grave; nesse período, a pobreza extrema caiu para 4,4%, o desemprego atingiu 6,6%, e o índice de Gini (medida de desigualdade) recuou para 0,506, o menor da série histórica .
◼ Programas e ações decisivas
O plano Brasil Sem Fome consolidou mais de 80 iniciativas interministeriais, entre elas:
- Fortalecimento do Bolsa Família, com critérios atualizados e foco nutricional;
- Apoio à agricultura familiar, com crédito e compras públicas;
- Expansão da alimentação escolar, restaurantes populares e bancos de alimentos;
- Ações de “busca ativa” para identificar famílias em insegurança alimentar nas zonas urbanas e rurais .
◼ Dimensão global e diplomática
Após o anúncio da saída do mapa, o governo brasileiro reforçou seu protagonismo internacional ao lançar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza durante sua presidência do G20. A iniciativa já reúne mais de 80 países e organizações, com atuação planejada até 2030, conectando recursos, expertise e boas práticas entre nações .
◼ Especialistas alertam: desafios persistem
Embora a trajetória seja comemorada, especialistas destacam que ainda há desafios estruturais. Questões como desigualdade racial e de gênero, concentração fundiária e desigualdades regionais continuam a comprometer a segurança alimentar no país. Eles reforçam que sustentabilidade política e continuidade das políticas públicas serão essenciais para evitar retrocessos