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    Para chegarmos à igualdade, precisamos de equidade — Por Anne Cleyanne

    Maninhas e Maninhos, peguem o café PRETO e a macaxeira frita, se apropriem do seu sol pessoal, que na nossa terra temos um para cada cidadão, e vamos para mais um dedo de prosa com a sua colunista sobre um fato que chocou nosso Estado essa semana. Em um Estado cheio de cidadãos e cidadãs de bem, tem racismo? “Na verdade, é que tudo é racismo agora”. E ainda bem, né? Que tudo o que é racismo finalmente está sendo nomeado como é. E não, amores, não é inveja, não é despeito, não é mal entendido não.

    É racismo mesmo!

    A animalização dos corpos negros é algo que existe desde o início da invasão da África e Américas pelos exploradores. Existiu até uma certa carta que citava as pessoas da América e África como seres semelhantes a humanos, que andavam como humanos, faziam sons semelhantes aos humanos, mas não eram humanos. Segundo os colonizadores, era como se fossem uma espécie de fóssil.

    Mas esses seres não eram civilizados, não tinham alma e não eram filhos de Deus. Então, com isso, eles podiam usar esses seres e corpos como usavam o gado, o porco ou qualquer outro animal que eles achassem, desde que gerasse riqueza para eles. Dá só um Google e aprofunde-se nas interpretações do positivismo lógico na tentativa de justificativa de Hierarquia Racial. A questão é que nós, além do consciente e inconsciente individual, também temos o inconsciente coletivo.

    Esse reproduz símbolos, gestos, comportamentos e até decisões que carregam o que é ensinado como verdade, segundo Carl Jung. E é nessa partezinha que está o grande problema: o racismo estrutural. Aquilo que é produzido por humanos com raízes tão profundas que muitos nem notam que se trata de uma atitude racista, mas todos que cometem têm total consciência de que querem praticar maldade com a outra pessoa, agredir e violar aquele corpo.

    Era prática comum e aceita socialmente em relação a pessoas negras e indígenas há menos de dois séculos atrás no mundo inteiro. E essas práticas só mudarão se as nomearmos. Para ser um pouco mais didática, sabe quando sua mãe brigava com você, gesticulava com a mão e você falava que nunca ia ser como ela quando crescesse? Aí um belo dia você está dando uma bronca em alguém e, do nada, você vê que está agindo idêntico a ela, daquele jeitinho que você reprovava. Isso é produto do seu inconsciente.

    Tem muita coisa em nós que não nos pertence e sim é mera reprodução do social e ainda assim, somos totalmente responsáveis por cada ato que parte de nós. Por isso, o racismo é crime no Brasil, e hoje já existe inclusive um Núcleo especializado na promoção da igualdade étnico-racial e cultural em Rondônia. Existe também o Conselho Estadual da Igualdade Racial no Estado e foi recém-instalado em nível municipal em seu primeiro plenário na capital de Rondônia, Porto Velho.

    O racismo não é coisa do passado, não é algo que só o outro comete. Não adianta só não sermos racistas, se não tivermos práticas diárias antirracistas, pessoas, empresas e sociedade ainda vão se sentir empoderados para discriminar alguém por sua origem étnica.

    Eu sonho com o dia em que qualquer racista, ao abrir a boca ou usar a caneta para ser racista, se constranja a ponto de procurar tratar essa falha de caráter. E que nunca mais haja qualquer tentativa de justificativa para o racismo.

    Está na hora da sociedade dar um UP, né, mores? Porque é tão feio, em pleno século XXI, uma galera ainda vir falar que não existe mais racismo e que tudo isso não passa de “mimimi”.

    Para chegarmos à igualdade, precisamos de equidade!

    E existe muita coisa a ser feita para que, de fato, possamos afirmar que o racismo é coisa do passado. Eu sou Anne Cleyanne e adorei ter tido você até aqui comigo.

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